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Heider Sacramento
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 09:39
O lançamento de Caso Eloá - Refém ao Vivo, novo documentário da Netflix que revisita um dos crimes mais traumáticos do país, trouxe de volta aos holofotes o papel da mídia na cobertura de 2008. E, apesar de ser um dos rostos mais lembrados daquele período, Sonia Abrão ficou completamente fora da obra. >
A ausência não passou despercebida. A produtora Veronica Stumpf contou ao portal Splash que tentou incluir a apresentadora, mas encontrou resistência. Segundo ela, Sonia foi orientada juridicamente a evitar o assunto e não quis retomar o tema em nenhuma circunstância. “A jornalista Sonia Abrão não quis de jeito nenhum porque os advogados dela recomendam que ela não fale sobre o assunto”, relatou.>
“Caso Eloá - Refém ao Vivo”
Enquanto isso, a proposta do documentário é reposicionar a história sob o olhar de Eloá Cristina Pimentel, que tinha 15 anos quando foi feita refém e morta quatro dias depois. A equipe decidiu que a narrativa seria conduzida pelas memórias da vítima e pelas falhas institucionais envolvidas, deixando o sequestrador de fora e evitando a espetacularização que marcou o caso.>
A polêmica reacendeu porque, pouco antes da estreia, Sonia declarou em entrevista à revista Quem que manteria exatamente a mesma postura que teve há 17 anos. “Faria tudo de novo”. A frase gerou forte reação pública, especialmente da família de Eloá.>
Em depoimento à Marie Claire, Cíntia Pimentel, cunhada da adolescente, afirmou que as palavras da apresentadora causaram profunda dor. “Dizer que faria tudo de novo é cruel. Chego à conclusão de que, para alguns, a audiência midiática vale muito mais do que a vida de outra pessoa”.>
As críticas se conectam a episódios já conhecidos da época. Sonia conversou ao vivo com o sequestrador e com Eloá, ocupou a linha telefônica usada nas negociações e ainda abriu espaço para comentários inadequados de especialistas presentes no estúdio. A interferência foi apontada por autoridades como prejudicial ao andamento do resgate.>
Com a recusa da apresentadora e a escolha da Netflix por dar voz à vítima, o documentário reacende o debate sobre responsabilidade jornalística, limites éticos e o impacto duradouro de decisões tomadas diante das câmeras. Enquanto a produção segue entre os assuntos mais comentados do país, Sonia Abrão permanece em silêncio público sobre o tema pela primeira vez em anos.>