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Pedro Carreiro
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 16:26
Uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro, a pedido do Flamengo, bloqueou o repasse de R$ 77,1 milhões da Rede Globo aos clubes da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). A medida, concedida pela desembargadora Lúcia Helena do Passo, impede que os valores, previstos em contrato, fossem pagos na última quinta-feira (25) e afetou diretamente equipes como Bahia e Vitória. >
De acordo com levantamento divulgado pelo jornalista Rodrigo Capello, do Estadão, o rateio estabelecido pela liga previa R$ 17,4 milhões ao Flamengo, R$ 13,38 milhões ao São Paulo, R$ 12,32 milhões ao Palmeiras, R$ 9,47 milhões ao Santos, R$ 7,72 milhões ao Atlético-MG, R$ 7,17 milhões ao Bahia, R$ 4,93 milhões ao Red Bull Bragantino e R$ 4,59 milhões ao Vitória.>
Reapresentação do Bahia após derrota para o Vasco
A disputa judicial é consequência de uma divergência antiga em torno da divisão das cotas de audiência. Atualmente, 30% da receita da Libra é calculada a partir da audiência dos jogos transmitidos, mas sem considerar o peso dos assinantes do pay-per-view. O Flamengo, por meio de seu presidente, Luiz Eduardo Baptista (Bap), defende que a base de assinantes do Premiere seja o fator determinante.>
A proposta foi levada a votação em agosto, mas rejeitada pela maioria dos clubes. Apenas o Volta Redonda votou a favor, enquanto o Paysandu se absteve. Após a derrota no pleito interno, o Flamengo recorreu à Justiça e conseguiu a liminar que trava o pagamento até decisão definitiva.>
A Libra reagiu à decisão por meio de nota oficial, classificando a atitude do Flamengo como “unilateral e repentina”. A entidade argumenta que a judicialização fere acordos já estabelecidos e privilegia “o interesse particular de curto prazo”, prejudicando diretamente os demais clubes que dependem das cotas para manter o fluxo de caixa e cumprir obrigações como pagamento de salários e despesas administrativas. >
Segundo a liga, o tema já havia sido amplamente discutido e levado a votação entre os associados, que decidiram pela manutenção do modelo vigente. A entidade prometeu defender na Justiça “a legitimidade das decisões coletivas e o cumprimento dos contratos”, ressaltando que a discordância é direcionada exclusivamente à gestão atual do Flamengo, sem envolver a história ou a torcida rubro-negra.>
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O bloqueio dos repasses também repercutiu no Vitória. Em pronunciamento oficial, o presidente Fábio Mota criticou a postura do Flamengo e reafirmou que o clube baiano deixará a Libra “na hora certa”, já que a mudança de bloco já estava em seus planos. >
De acordo com Mota, a alteração no critério de distribuição proposta pelo clube carioca faria o Vitória perder cerca de R$ 8 milhões por ano. Ele explicou que o Flamengo sugere manter 40% do bolo dividido de forma igualitária, mas destinar os outros 60% conforme a base de assinantes do Premiere.>
“O Vitória assinou inicialmente com a Libra porque era o único bloco com contrato fechado com a Globo. Mas depois a Liga Forte União (LFU) também fechou com a emissora e hoje já tem 35% a mais de recursos. Se ficássemos na Libra, seriam 45 anos recebendo 20% a menos”, disse o dirigente.>
Mota destacou ainda que a saída para a LFU, programada a partir de 2029, garantirá ao Leão da Barra 20% a mais de receitas em comparação ao que teria na Libra. Ele também reforçou que o clube vendeu apenas 15% dos direitos futuros para entrar no bloco, e não “todo o contrato por 50 anos”, como chegou a circular em boatos.>
“Mentira, torcedor. Acredita em mim. Nós vendemos 15% e recebemos a antecipação desses 15% por cinco anos, só. A partir daí, o contrato volta à forma original. Fizemos a mudança na hora certa, antes de estourar esse bloqueio judicial que afeta todos os clubes da Libra”, completou.>