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Pedro Carreiro
Publicado em 12 de setembro de 2025 às 19:11
O Conselho Deliberativo do Vitória aprovou, na noite da última quinta-feira (11), a adesão do clube à Liga Forte União (LFU) e a venda de 15% dos seus direitos de transmissão de televisão para investidores ligados à liga. A decisão, no entanto, é contestada por um grupo de oposição que questiona a legalidade do processo. A reunião extraordinária contou com a presença de 92 conselheiros, dos quais 54 votaram a favor, 36 foram contrários e 2 se abstiveram. >
A proposta prevê um aporte imediato de R$ 68 milhões ao clube. Em contrapartida, o Vitória cede parte de seus direitos de TV por 45 anos, a partir de 2029, quando termina seu vínculo atual com a Liga do Futebol Brasileiro (Libra). Os recursos, no entanto, só serão liberados após uma nova assembleia entre os clubes da LFU, que deve deliberar sobre a entrada do Vitória no bloco.>
A proposta de venda dos direitos de transmissão, que é uma condição para a entrada do Vitória na LFU, de acordo com Fábio Mota, foi apresentada por ele mesmo e recebeu aval prévio do Conselho Fiscal, que tem Raimundo Viana como presidente. A mudança da Libra para o bloco da LFU representará um significativo aumento na receita anual do clube, saltando dos atuais R$ 123 milhões para R$ 166 milhões, um incremento de 35%, que na prática seria de 20% líquido com a venda dos 15%.>
Em coletiva, Mota também abordou a questão do passivo histórico. Ao tomar posse em 2022, a gestão encontrou uma dívida de R$ 361,4 milhões, que após negociações foi reduzida para R$ 274,9 milhões. Desse total, R$ 99,7 milhões já foram quitados, restando um saldo de R$ 203,4 milhões, cujas parcelas mensais são de R$ 4,1 milhões. Esse compromisso financeiro será parcialmente sustentado pelos recursos provenientes do acordo com a LFU e da comercialização dos direitos de transmissão.>
O impasse jurídico surge a partir de uma interpretação do estatuto do clube. A oposição, representada pela Frente Vitória Popular, argumenta que a aprovação de uma matéria dessa natureza depende do voto favorável de dois terços dos conselheiros presentes, e não de maioria simples. Eles se baseiam no inciso XI do artigo 53 do estatuto, que trata de alienação de bens patrimoniais. >
Com 92 conselheiros presentes, seriam necessários 61 votos favoráveis para atingir o quórum de dois terços. O grupo também alega irregularidades no edital da assembleia, afirmando que ele não deixava claro o objetivo da pauta nem apresentava documentos essenciais, e defende que a decisão, por impactar o futuro financeiro do clube por décadas, deveria ser tomada com mais responsabilidade e estudos técnicos.>
De acordo com o ge, a assembleia foi finalizada com a proclamação do resultado de aprovação por maioria simples. No entanto, a partir do questionamento do quórum qualificado, o Conselho Deliberativo, presidido por Nilton Gonçalves de Almeida Filho, solicitou um parecer da Diretoria Jurídica do clube. Com isso, a ata da assembleia, com o resultado oficial, só seria divulgada após este parecer.>
Em contato com o CORREIO, o vice-presidente do clube, Djalma Abreu, confirmou que a votação foi válida e a ata já foi emitida. “Inventaram que houve isso, houve aquilo, mas não teve nada. A ata saiu normal e foi tudo aprovado. O jurídico só ia dar uma explicação porque o pessoal estava inventando coisa. Quem perde, sempre procura algum tipo de desculpa. A ata já foi mandada, tá tudo aprovado, não tem mais nada para resolver”, garantiu.>
O dirigente também negou rumores de que a gestão já teria recebido um adiantamento de R$ 25 milhões antes mesmo da votação. “Isso é conversa. Tudo isso foi resolvido e esclarecido na reunião de ontem. É a oposição que fica procurando todo tipo de intriga, como sempre. Criaram que tinha problema na ata. Todo dia inventam uma coisa diferente. Não posso falar por eles. Quem tem deficiência é quem busca criar dificuldade nos outros”, concluiu.>
A Liga Forte União (LFU) é composta por 32 clubes das três primeiras divisões do futebol brasileiro. Para o ciclo 2025–2029, a liga fechou um contrato anual de cerca de R$ 1,7 bilhão. A distribuição de receitas entre os clubes será da seguinte forma: 45% de forma igualitária, 30% por desempenho esportivo e 25% proporcional à audiência. Os direitos de transmissão foram distribuídos para a Record (TV aberta), Amazon Prime Video (streaming) e Cazé TV no YouTube (gratuito na internet). >
Com a saída do Vitória, a Libra passa a reunir 14 clubes. Em março de 2024, a liga firmou um contrato exclusivo com a Globo no valor de R$ 1,3 bilhão por ano, mais 40% da receita líquida do pay-per-view, para o ciclo de 2025 a 2029. A distribuição de receita entre os clubes da Libra é feita com 40% de forma igualitária, 30% por desempenho esportivo e 30% com base no percentual de torcedores cadastrados como assinantes.>