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Maysa Polcri
Publicado em 22 de outubro de 2025 às 13:15
O Governo do Estado vai lançar um programa com metas para reduzir a letalidade policial na Bahia. Em reunião realizada na terça-feira (21), em Salvador, foram apresentados os principais pontos do plano. A polícia baiana é a que mais mata no Brasil, em números absolutos, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública publicados neste ano. >
Quatro pessoas morreram por dia vítimas de ações da polícia na Bahia, em 2024. Foram 1.556 registros no ano passado. O número supera as mortes em intervenções policiais registradas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Juntos, os estados tiveram 1.516 mortes, segundo dados do Anuário. >
Para tentar tirar a Bahia do topo do ranking de letalidade policial, o Governo do Estado prepara o lançamento de um plano no âmbito do programa Bahia pela Paz. O conteúdo do documento ainda não foi completamente divulgado, mas os principais pontos do projeto foram anunciados em uma reunião na terça-feira (21). O objetivo é a redução semestral de 10% das mortes em ações policiais.>
O documento prevê o treinamento de, no mínimo, 30% do efetivo para uso de equipamentos não-letais; ampliação de 30% dos registros audiovisuais gerados pelas Câmeras Corporais Operacionais dos agentes; apoio psicológico para todos os policiais envolvidos repetidamente em confrontos e elevação da taxa de conclusão dos inquéritos que apuram mortes decorrentes de ações envolvendo agentes do Estado. >
O plano foi elaborado por um comitê formado por membros do Governo do Estado, Ministério Público (MP) da Bahia, Tribunal de Justiça da Bahia, Defensoria Pública, Assembleia Legislativa e movimentos sociais. A proposta de aumento dos registros audiovisuais gerados pelas câmeras de policiais acontece após o MP-BA recomendar a correção do uso dos equipamentos pelas forças de segurança. >
Segundo o Ministério Público, as câmeras estão sendo subutilizadas, já que o órgão constatou que apenas 7,5% dos equipamentos estavam sendo usados nas vistorias feitas nos últimos dois meses na Bahia. De acordo com MP-BA, as vistorias aconteceram em unidades das Polícias Militar e Civil e do Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde foi notada a ausência de controle sobre a forma do uso das câmeras.>
“De um total de 1.263 câmeras distribuídas, conforme dado da SSP, apenas 7,5% (95) estavam sendo efetivamente utilizadas no momento das vistorias. Foram inspecionadas 15 unidades policiais contempladas com os dispositivos”, informou o órgão. A proposta que será lançada pelo Governo do Estado é alinhada com as diretrizes do Projeto Nacional de Qualificação do Uso da Força, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).>