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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 13:40
A história de J. Eskine parece ficção, mas é a vida real de Jonathan Souza Santana, um baiano de 25 anos que transformou rejeição em combustível para vencer. Antes de virar o “gângster do arrocha” que arrasta multidões, o cantor encarou muito porta na cara, literalmente. >
Durante anos, sua rotina era atravessar Salvador com o violão nas costas, subir em ônibus, cantar e torcer para que ninguém o expulsasse. E isso acontecia. "O artista de rua no Brasil é muito marginalizado. Já passei por motorista me mandando descer, gente debochando, polícia desconfiando... Mas também tinha quem abraçava a causa e dizia: ‘não desiste’", contou ele em entrevista à Quem.>
Se hoje ele leva troféu pra casa: venceu o Prêmio Multishow na categoria Arrocha do Ano ao lado de Alef Donk, é porque décadas de persistência foram construídas tijolo por tijolo. Crescido na periferia de Salvador, J. Eskine dividia uma casa de quatro cômodos com mais nove pessoas. “Dormiam três num quarto, quatro na sala... mas a gente era unido. Muito por causa da criação na igreja”, relembra. Foi ali, nos cultos, que ele percebeu que a música chamava seu nome.>
O esporte quase o levou: ele sonhava em ser jogador de futebol. Mas a música falou mais alto e, anos depois, o TikTok também. O Brasil descobriu J. Eskine antes mesmo da própria Bahia e foi uma bola de neve positiva. Virginia Fonseca virou fã e começou a dançar suas músicas nas redes. Anitta ouviu, gostou e o convidou para o Carnaval de Salvador. A internet fez o resto.>
J. Eskine
“Sou muito pé no chão. Agradeço demais por tudo, mas meu foco continua sendo trabalhar”, diz ele, hoje morando sozinho e podendo oferecer à família o conforto que não teve. “Meu irmão tem nove anos e posso dar coisas que nunca chegavam perto da nossa realidade: geladeira cheia, um lanche no McDonald’s, uma piscininha…”.>
E, claro, ele também se presenteou, embora não faça alarde. J. Eskine agora tem um Jaguar XE de R$ 300 mil, mas foge de qualquer ostentação. “Passo com o carro na favela e vejo os meninos me olhando como eu olhava os carros dos outros. Sei o que isso representa. Mas não posto, não fico mostrando. Não quero aparecer assim.”>
A verdade é que 2025 marcou a consagração definitiva do artista. Além do prêmio, o Google revelou que Mãe Solteira, seu arrocha em parceria com DG, Batidão Stronda, MC Davi e MC G15, foi a música mais buscada do ano e também uma das mais tocadas do Spotify Brasil. O hit viralizou com o refrão chiclete, o humor, as dancinhas e até a surpresa nos créditos: Fiuk é um dos coautores da faixa.>
E não para por aí: “Resenha do Arrocha”, lançada no final do ano anterior, continua entre as mais procuradas e já soma mais de 47 milhões de plays.>