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Maysa Polcri
Publicado em 11 de novembro de 2025 às 05:30
A proposta de reestruturação do Planserv, o plano de saúde dos servidores estaduais, inclui a fixação de um percentual único de contribuição para todos os beneficiários. O plano foi apresentado por integrantes do governo estadual às entidades sindicais, em reunião realizada na última sexta-feira (7). As medidas incluem ainda um valor mínimo e um teto para a cobrança, além de aumento da contribuição do Estado. >
A reportagem apurou os detalhes da proposta apresentada pelo governo com pessoas que participaram do encontro. Segundo a apuração, o Governo da Bahia planeja alterar a cobrança dos beneficiários e fixar um percentual de 6,5% para todos os servidores. O plano, se colocado em prática, muda a forma do cálculo das mensalidades atualmente. >
Hoje, o valor mensal pago pelos servidores é em valores proporcionais ao nível de remuneração, de acordo com as faixas salariais estabelecidas. De acordo com o Planserv, a remuneração corresponde ao valor bruto da remuneração integral do mês, excluídas as parcelas a título de ajuda de custo, diárias, auxílios e abonos pecuniários, adicional de férias, gratificação natalina e aquelas de caráter indenizatório. >
Além do valor de 6,5% para todos os servidores, a proposta apresentada inclui a fixação de um valor mínimo de mensalidade, no valor de R$ 120, e teto para a contribuição, no valor de R$ 1,2 mil. Servidores ouvidos pela reportagem temem o aumento das mensalidades, sendo que a assistência em saúde é cada vez mais precária. >
Audiência pública por melhorias no Planserv
Uma nova rodada de negociações deverá ocorrer na semana que vem. Na reunião da última sexta-feira (7), estiveram presentes o secretário de Relações Institucionais, Adolfo Loyola, o secretário de Administração, Rodrigo Pimentel, e o coordenador-geral do plano, Luiz Pérez. De acordo com informações do Governo do Estado, a proposta apresentada "tem como base a justiça contributiva, mantendo o equilíbrio financeiro do plano e a proteção às faixas de menor renda".>
A reportagem entrou em contato com o Planserv, através da assessoria de imprensa. Ao CORREIO, foi informado que a reestruturação ainda está em processo de análise e que, por isso, o Planserv não disponibilizaria porta-voz para comentar o tema. >
Durante a reunião, foi dito aos servidores que cerca de 130 mil usuários serão beneficiados com as novas medidas. O quantitativo representa 26% do total de beneficiários do plano, que é de 500 mil, segundo o próprio governo. Também foi apresentado o plano para aumento da contribuição do Estado. >
De acordo com o projeto, o Governo aumentaria em 1% a sua contribuição até 2027, sendo 0,5% em 2026 e o restante no ano seguinte. A proposta causa desconfiança dos servidores, que cobram o percentual de 5%. "A defesa sindical é pela recomposição da cota patronal ao patamar historicamente praticado quando da implantação do Planserv (5%), e não por novas elevações de contribuição do servidor", afirma uma nota publicada por sindicatos, na semana passada. >
Entre 2015 a 2018, a contribuição do governo estadual para o plano de saúde dos servidores caiu de 5% para 2%. Há dois anos, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) reajustou o valor pago pelo Governo em 0,5% - percentual insatisfatório para conter as despesas da assistência. >
As contas do plano fecharam em 2024 no vermelho pelo segundo ano consecutivo. De acordo com os dados do Portal da Transparência da Bahia, o rombo no ano passado foi de R$ 198 milhões. A receita foi de R$ 2 bilhões, enquanto a despesa foi na ordem de R$ 2.2 bilhões. (veja os detalhes aqui)
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Beneficiários apontam como um dos principais pontos do histórico de crises do Planserv o ano de 2018, quando o então governador Rui Costa (PT) reduziu o repasse de verba do Estado de 4% para 2%. Na época, o governo defendeu que a mudança traria economia de R$ 200 milhões por ano nas transferências ao plano.>
O receio dos servidores é que o aumento do valor pago pelos trabalhadores não seja acompanhado de melhorias efetivas na assistência. O descredenciamento de unidades de saúde e a dificuldade em achar vagas para exames e consultas são algumas das principais reclamações dos servidores.
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No mês passado, uma decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) representou mais um desgaste nas formas de arrecadação do plano. A Justiça declarou inconstitucional a cobrança da chamada “parcela de risco” nas contribuições do Planserv. A sentença foi proferida no dia 13 de outubro e determina a suspensão da cobrança pelo Estado da Bahia. Ainda cabe recurso.>
A parcela é cobrada aos servidores que aderem ao Planserv após cinco anos da entrada no serviço público estadual. O valor é cobrado por faixa etária, sendo a taxa mais cara quanto maior for a idade do beneficiário. O valor inicial é R$ 89,74, até os 24 anos, e o mais alto é de R$ 588,39, para quem tem acima de 60 anos. Em outubro deste ano, o CORREIO mostrou que o Governo do Estado paga R$ 65 por consulta do Planserv, valor incompatível com o praticado no mercado. >