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Neurocientista ensina a identificar se você está presa em um relacionamento tóxico

Dra. Andréa Vermont, filósofa, psicanalista e neurocientista brasileira, explica o que é um vínculo tóxico, quais são os sinais sutis de controle, ciúme e gaslighting, e os passos essenciais para se libertar dessa dinâmica

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 12:04

Relacionamentos
É preciso saber a hora de terminar Crédito: Reprodução | Freepik

O número crescente de feminicídios no Brasil traz a necessidade urgente de falarmos sobre relacionamentos tóxicos. Estes são vínculos que, em vez de nutrir, consomem a pessoa, muitas vezes sem que ela sequer perceba que está presa. Em uma análise sobre o tema, a Dra. Andréa Vermont, em seu canal no YouTube, explica que o amor que corrói aos poucos é como a ferrugem que come o ferro, fazendo-o quebrar por si mesmo.

A toxicidade não se manifesta em brigas ou discussões pontuais, mas sim quando o amor se transforma em uma prisão disfarçada de cuidado. A palavra "tóxica" vem do grego toxicon, que significa veneno – algo que intoxica lentamente e raramente mata de uma vez. O relacionamento tóxico é caracterizado pelo desequilíbrio de poder emocional, onde há uma dinâmica de culpa, controle, manipulação e medo.

Controle disfarçado de cuidado: Inicialmente, o relacionamento tóxico começa sutilmente, parecendo intenso e apaixonado, com a pessoa sendo colocada em um pedestal. No entanto, o mesmo olhar de admiração gradualmente se torna depreciativo e vigilante. por Freepik

A Dra. Andréa Vermont detalha os principais sinais de que um relacionamento adoeceu:

Os 7 principais sinais de um vínculo tóxico

1. Controle disfarçado de cuidado: Inicialmente, o relacionamento tóxico começa sutilmente, parecendo intenso e apaixonado, com a pessoa sendo colocada em um pedestal. No entanto, o mesmo olhar de admiração gradualmente se torna depreciativo e vigilante. O controle é frequentemente justificado como proteção: "Eu só quero saber onde você está para me sentir seguro," ou "Longe de mim você corre risco". A vítima, buscando evitar conflitos, começa a ceder e encolher, permitindo que a outra pessoa escolha suas roupas, amigos, horários e locais para ir, exigindo aprovação para tudo.

2. Ciúme confundido com prova de amor: O ciúme não é amor; é insegurança fantasiada de romantismo. Quando o ciúme se torna a justificativa para a agressividade ou transforma o celular do parceiro em prova de fidelidade, o amor já está doente. O amor que sufoca é, na verdade, posse.

3. Desvalorização emocional e gaslighting: Este sinal envolve críticas constantes, comparações e piadas sobre o parceiro, especialmente em público, sempre minimizadas como "brincadeirinha". Uma das formas mais perversas de manipulação é o gaslighting, que faz a vítima duvidar de sua própria percepção. A pessoa humilhada sente dor, mas questiona: "Será que sou eu que estou ficando louca?" ou "Será que sou eu que estou vendo coisas?".

4. Isolamento: O isolamento é um dos sinais mais perigosos. A pessoa começa a ser afastada de amigos, família e referências sob pretextos como "Eles têm inveja da gente" ou "Sua família não quer a nossa felicidade". O abusador pode até usar traumas de infância da vítima contra ela, buscando isolá-la daqueles que ama. Aos poucos, o mundo da vítima se resume apenas ao parceiro.

5. Ciclos de culpa e perdão (montanha-russa emocional): O relacionamento tóxico segue uma fórmula previsível: tensão, explosão, arrependimento, lua de mel, e tensão novamente. O padrão nunca muda. A vítima vive uma montanha-russa emocional e confunde essa desregulação afetiva com intensidade.

6. Medo constante (pisar em ovos): Se o amor fosse um refúgio, no relacionamento tóxico ele vira um campo minado. A pessoa começa a ter medo de ser ela mesma, de dizer o que pensa e de desagradar o parceiro, vivendo em constante alerta. Viver "pisando em ovos" não é amor, é opressão emocional.

7. Perda de identidade: O amor saudável faz a pessoa crescer, não desaparecer. A perda de identidade ocorre quando a essência da vítima se molda para caber no mundo do outro, mudando seu jeito de falar, vestir e rir. A pessoa expansiva e risonha se torna quieta e fala baixo.

Por que é tão difícil sair? A perspectiva da psicanálise.

Ninguém entra em um relacionamento tóxico por acaso. A psicanálise explica que a tolerância a tais relações está ligada a uma história anterior e a uma ferida antiga que busca reparação. Muitas vezes, quem tolera migalhas na vida adulta aprendeu na infância a aceitar pouco para não perder o afeto, confundindo submissão com amor.

Sair é difícil devido a um vício emocional. O cérebro associa a presença do outro à dopamina e ao prazer, mesmo que ele cause dor, em um mecanismo similar à dependência química. A vítima tem medo do vazio real, de ficar sozinha ou de nunca mais encontrar alguém. Contudo, a Dra. Andréa Vermont enfatiza que o vazio de viver com quem destrói por dentro é maior do que o vazio do abandono.

O caminho para a liberdade: rompendo o ciclo.

Para romper o ciclo de toxicidade e reconstruir a autoestima, são necessários passos práticos:

1. Reconheça e admita: O primeiro passo é admitir: "Eu estou em um relacionamento que me faz mal". Enquanto houver justificativas e a crença de que o parceiro irá mudar, o ciclo continua.

2. Relembre quem você era: É vital reconectar-se com a individualidade, voltando a fazer coisas que davam prazer e se reconectando com amigos e família. O amor só é saudável quando o "eu" é preservado dentro do "nós"; quando o eu desaparece, o relacionamento adoece.

3. Busque ajuda profissional: Sair de um vínculo tóxico exige reconstrução pessoal, e ferramentas como a psicanálise, terapia e grupos de apoio ajudam a entender a raiz das dores e o porquê de se ter tolerado o intolerável.

4. Não romantize o sofrimento: É crucial entender que amor não é um projeto social. Não se deve tentar salvar ninguém, pois quem realmente deseja mudar o faz com ações, e não apenas com promessas.

5. Lembre-se de que o amor não dói: O que realmente dói é o apego ao que já acabou. Amar é estar em paz, e não em alerta; é sentir-se livre, mesmo ao lado de alguém. A cura começa quando um decide parar de dançar a dança da toxicidade. O verdadeiro amor expande e liberta, não aprisiona. O maior ato de amor pode ser escolher amar-se o suficiente para ir embora.

Matéria baseada no vídeo "Como saber se você está preso em um Relacionamento Tóxico | Dra. Andréa Vermont", do canal Andréa Vermont.

Por @flaviaazevedoalmeida