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Agência Correio
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 17:30
No vilarejo de Costești, no sul da Romênia, existe um dos fenômenos geológicos mais curiosos do planeta: os trovants. À primeira vista, eles parecem apenas pedras arredondadas espalhadas pelo solo.>
Mas basta observar um pouco mais para perceber por que chamam tanta atenção, essas formações têm a capacidade de crescer, deslocar-se e exibir processos internos que lembram um tipo de atividade orgânica. >
Pedras vivas
Após chuvas intensas, moradores afirmam que pequenas saliências surgem nas superfícies dessas rochas, como se algo estivesse se formando de dentro para fora. A ciência ainda não desvenda totalmente o fenômeno, e isso alimenta o fascínio ao redor dessas estruturas há muitos anos, inclusive dando margem a teorias místicas.>
Pesquisas sugerem que os trovants se formaram há cerca de 6 milhões de anos a partir de pequenos núcleos que, com o tempo, se expandiram lentamente. >
Algumas dessas rochas chegaram a atingir quase 10 metros de diâmetro. A evolução é extremamente lenta: estima-se que levem milênios para aumentar poucos centímetros.>
A explicação começa na sua composição. Cada trovant possui um núcleo sólido envolto por camadas de arenito consolidado. A região onde eles surgiram era, no passado remoto, uma extensa bacia sedimentar, compactada posteriormente por ações tectônicas, formando as estruturas que vemos hoje.>
O crescimento acontece quando águas carregadas de carbonato de cálcio penetram no arenito após períodos de chuva. Esse material acaba pressionando as camadas externas e formando protuberâncias, o que dá a impressão de que a pedra está “engordando”.>
Além do crescimento, há outro fenômeno que divide opiniões: alguns trovants parecem se mover lentamente, aproximadamente 2,5 milímetros a cada duas semanas.>
Esse deslocamento ocorre devido a um desenvolvimento desigual das camadas, que combinado com a gravidade, faz a rocha deslizar gradualmente pelo terreno. O comportamento lembra o das famosas pedras deslizantes do Vale da Morte, nos Estados Unidos.>
Outro ponto intrigante registrado por instrumentos de medição é uma espécie de variação interna, um “pulso” que pode levar até três semanas entre uma alteração e outra. Quando cortados para análise, os trovants apresentam camadas internas semelhantes aos anéis das árvores, permitindo estimar suas idades.>
Como em quase todo fenômeno pouco compreendido, há quem atribua os trovants a origens extraterrestres, mas nenhuma hipótese desse tipo foi comprovada. Ainda assim, o fascínio é tanto que as formações se tornaram um patrimônio natural reconhecido pela UNESCO e são a principal atração do Museu Trovant, no condado de Vâlcea.>
Estruturas semelhantes também aparecem em regiões da Rússia, da República Tcheca e das estepes do Cazaquistão, atraindo visitantes e estudiosos em busca de respostas.>