Federação e Engenho Velho acumulam mais de 30 tiroteios em menos de um ano

Em menos de um ano, a Federação e o Engenho Velho da Federação, em Salvador, já registraram mais de 30 tiroteios. Somados, os dois bairros acumulam 35 ocorrências, com 24 pessoas mortas. Com apenas 22 dias, agosto já é o mês com a maior incidência de confrontos, com nove episódios. O último deles deixou ferido um homem suspeito de atuar ativamente no tráfico de drogas, na manhã desta sexta-feira (22), durante operação policial na região. A ação nas localidades do Forno e da Baixa da Égua também prendeu outros três deles.

Os dados do Instituto Fogo Cruzado, para o período de 1º de janeiro a 22 de agosto, indicam que os conflitos ficaram mais sangrentos neste ano. Além dos 24 mortos, outras 10 pessoas terminaram feridas. O número é 36% maior do que o acumulado no mesmo período de 2024, quando houve 37 tiroteios que deixaram 20 mortos e cinco feridos.

Uma das vítimas das trocas de tiros constantes na região foi o jovem de 21 anos Erick Santos, morto a tiros no último dia 16, na Rua Padre Domingos de Brito, no bairro da Federação. Segundo moradores, ele foi alvejado com mais de 30 tiros após ser confundido ao sair da casa da avó para encontrar a mãe.

O rapaz foi morto após um tiroteio na Avenida Vasco da Gama, que durou cerca de 15 minutos. Assustados, moradores relataram que ter ouvido tiros de fuzil, por volta das 17h. "Fiquei abalada, todos ficaram desesperados, se escondendo. Durou mais ou menos 15 minutos, mas sempre parando e voltando", relatou uma moradora ao CORREIO.

Familiares e amigos protestaram pela morte de Erick na última segunda-feira (18).

Dentre os meses do ano, agosto, com apenas 22 dias transcorridos, já é o mês com mais registro de confrontos. São nove tiroteios, sete mortos e dois feridos nos bairros da Federação e Engenho Velho da Federação.

Veja o número de registros e vítimas por mês nos bairros da Federação e Engenho Velho:

• Janeiro (1º a 31): 4 tiroteios, 1 morto e 1 ferido;
  
• Fevereiro (1º a 28): 2 tiroteios e 2 mortos;
  
• Março (1º a 31): 2 tiroteios e 3 mortos;
  
• Abril (1º a 30): 8 tiroteios, 6 mortos e 3 feridos;
  
• Maio (1º a 31): sem tiroteios e vítimas;
  
• Junho (1º a 30): 3 tiroteios e 4 feridos;
• Julho (1º a 31): 7 tiroteios e 5 mortos;
  
• Agosto (1º a 22): nove tiroteios, sete mortos e dois feridos.
  

No dia 11, moradores denunciaram uma troca de tiros que durou cerca de 15 minutos, por volta das 23h30. Os disparos ouvidos eram de um confronto entre criminosos das localidades do Forno e da Lajinha, que vivem um conflito pelo domínio do tráfico de drogas. As facções do Bonde do Maluco (BDM) e Comando Vermelho (CV) protagonizam a disputa na região.

No dia 3, uma ação policial terminou com a morte de um homem de 38 anos. O confronto entre policiais da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp) e traficantes aconteceu na localidade do Forno. A vítima foi identificada como Alisson Damasceno Souza. Ele foi encontrado ferido e socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos.

Poucos dias antes, mas no mês de julho, que teve sete tiroteios e cinco mortos na região, traficantes e policiais militares entraram em confronto no Parque São Braz. A troca de tiros aconteceu no dia 24, na Rua Engenheiro Almiro Queiroz, no Conjunto 21, próximo a um condomínio residencial, envolvendo policiais do Comando de Policiamento de Missões Especiais (CPME) e do Batalhão de Patrulhamento Tático Móvel (Bpatamo), por volta do meio-dia.

Dois homens morreram e outras duas pessoas foram conduzidas para a Delegacia de Homicídios Múltiplos. Cerca de 142 alunos do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Pio Bittencourt, localizado na Rua Engenheiro Jaime Zaverucha, ficaram sem aulas no dia seguinte após suspensão das atividades escolares por conta da insegurança na região.

Uma semana antes, no dia 18 de julho, uma intensa troca de tiros entre grupos criminosos foi ouvida por moradores da região durante a madrugada. O confronto foi registrado por residentes a pelo menos um quilômetro de distância do local. De acordo com uma fonte policial, o tiroteio fazia parte da disputa entre as facções Comando Vermelho (CV) e Bonde do Maluco (BDM).

“Foi um ataque que a gente não sabe ainda de quem partiu porque as facções estão muito próximas ali, sendo o CV da localidade do Forno e o BDM da localidade da Lajinha”, relatou ao CORREIO na época.