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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 18 de julho de 2025 às 12:59
Um momento curioso virou assunto nas redes sociais nesta quinta-feira (17) e gerou uma onda de especulações sobre os limites da vida pessoal no ambiente profissional. Durante um show do Coldplay em Boston, EUA, a famosa “kiss cam” capturou o que parece ser um encontro íntimo entre dois executivos da mesma empresa e a reação deles ao perceberem que estavam sendo filmados chamou a atenção.>
Assim que notaram que estavam no telão, o homem se abaixou rapidamente enquanto a mulher virou o rosto. O vídeo, claro, viralizou. De acordo com internautas, os envolvidos seriam Andy Byron, CEO da empresa de tecnologia Astronomer, e Kristin Cabot, diretora de RH da mesma companhia.>
A polêmica cresceu ainda mais quando Megan Kerrigan, esposa do executivo, removeu o sobrenome “Byron” de seus perfis nas redes sociais. Já o perfil oficial da Astronomer no X (antigo Twitter) bloqueou os comentários após uma enxurrada de mensagens sobre o episódio.>
Diante da repercussão, uma dúvida ganhou força: é possível ser demitido por justa causa após uma traição envolvendo colegas de trabalho?>
Segundo o advogado trabalhista Ronaldo Ferreira Tolentino, embora a legislação brasileira não proíba relacionamentos entre colegas de trabalho, certos comportamentos podem sim ser punidos. Em casos extremos, uma relação extraconjugal pode ser enquadrada como “incontinência de conduta”; motivo previsto no artigo 482 da CLT como justificativa para demissão por justa causa. Porém, isso é raro.>
“A jurisprudência tende a afastar esse entendimento, mas a empresa pode optar por uma demissão sem justa causa se considerar que o episódio comprometeu sua imagem”, explica Tolentino.>
Andy Byron
Ele ainda ressalta que empresas podem criar códigos de conduta para evitar conflitos de interesse ou desgastes na cultura organizacional, como restringir relacionamentos entre superiores e subordinados ou estabelecer regras para o comportamento dentro do ambiente corporativo.>
Contudo, monitorar a vida pessoal dos funcionários fora do expediente pode ser considerado invasivo. “Mesmo que dois funcionários estejam envolvidos, regular a vida íntima deles fora da empresa pode configurar violação à privacidade”, pontua.>
Em regra, não. Embora seja possível regulamentar para evitar conflitos de interesse, vetos genéricos à contratação de parentes podem ser considerados discriminatórios pela Justiça do Trabalho.>
Sim, desde que a empresa tenha regras internas claras e previamente divulgadas. Beijos, abraços ou comportamentos íntimos durante o expediente podem ser alvo de advertências ou até demissão, dependendo do contexto.>
Sim. Mas, se houver normas que exigem transparência, como evitar casais em cargos hierárquicos, e elas forem descumpridas, a empresa pode aplicar sanções. Ainda assim, a demissão por justa causa exige comprovação clara de violação.>
Sim. Se a dispensa ocorrer sem base legal ou sem violação de regras internas, o trabalhador pode processar a empresa e pedir reparação por danos morais, alegando discriminação.>
Podem solicitar, mas a empresa não é obrigada a conceder. No entanto, o artigo 136 da CLT prevê que os interesses do trabalhador devem ser considerados, sempre que possível.>
O caso do CEO e da diretora da Astronomer reacende discussões importantes: até onde vai o limite da vida pessoal no ambiente profissional? E quando a imagem da empresa entra em jogo, quem decide o que é ético; o contrato ou a internet?>