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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 27 de junho de 2025 às 17:06
Cazuza, ícone rebelde do rock nacional, voltou ao centro das atenções e ao tribunal da internet mais de 30 anos após sua morte. O motivo? O sucesso da cinebiografia Homem com H, que retrata a trajetória de Ney Matogrosso e sua intensa relação com o cantor. Disponível na Netflix desde 17 de junho, o filme colocou uma lupa na vida pessoal de ambos e, de quebra, reacendeu velhas e novas discussões.>
No longa dirigido por Esmir Filho, a história do romance entre Ney e Cazuza, vivido por Jesuíta Barbosa e Jullio Reis, respectivamente, é explorada com emoção e honestidade. Mas, ao mostrar os excessos do cantor do Barão Vermelho, como o uso frequente de drogas, atitudes impulsivas e seu temperamento explosivo, o filme abriu espaço para julgamentos da nova geração.>
“Cazuza era um playboy chato (porém com muita sensibilidade poética e filosófica)”, escreveu um usuário no X (antigo Twitter). Outro foi direto ao ponto: “Nunca fui com a cara do Cazuza, e agora entendi por quê”.>
Ney Matogrosso e Cazuza
O julgamento digital não perdoa: para muitos, o artista mimado, filho do poderoso empresário João Araújo, não corresponde ao pedestal em que sempre foi colocado. Um trecho do filme que viralizou mostra Cazuza invadindo a casa de Ney com desconhecidos em plena madrugada, atitude que rendeu memes e comentários indignados. “Ney Matogrosso é um santo. Eu dava porrada”, brincou um internauta.>
Contudo, também surgem vozes em defesa do cantor. “Desde quando virou moda tacar hate no Cazuza? Geração insuportável descobrindo ele através de um filme que não o resume”, criticou uma fã. Muitos apontam que, apesar de retratar sua intensidade, a obra não dá conta da complexidade e da genialidade que tornaram Cazuza um dos maiores letristas da música brasileira.>
Ney Matogrosso, por sua vez, já falou abertamente sobre a dificuldade e o encanto de sua relação com Cazuza. Em entrevista à Veja, o artista admitiu: “Fui completamente apaixonado, mas era difícil conviver com os dois Cazuzas que havia nele. Em público, era agressivo, bêbado e cheirava muito pó. Na intimidade, era encantador. Tivemos três meses intensos”.>
Apesar das polêmicas, a figura de Cazuza permanece viva. Morto em 1990, aos 32 anos, vítima de complicações causadas pelo HIV, o cantor teve uma trajetória curta, mas transformadora. Suas músicas, como O Tempo Não Para, Ideologia e Exagerado, continuam marcando gerações e servem como espelho da alma inquieta, livre e provocadora que ele foi.>