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Fernanda Varela
Publicado em 3 de novembro de 2025 às 17:00
Mesmo duas décadas após o assassinato dos pais, Suzane von Richthofen continua sendo uma figura capaz de despertar paixões e curiosidade. Condenada a 39 anos de prisão pelo crime cometido em 2002, ela atraiu não apenas a atenção do público, mas também de pessoas que se envolveram emocionalmente com ela. O fenômeno, segundo especialistas em comportamento humano, está ligado a traços de manipulação, carisma e à capacidade de criar uma imagem que mistura fragilidade e poder.>
Veja como está Suzane von Richthofen hoje
Desde o início, a história de Suzane foi marcada por essa dualidade. Aos 18 anos, ela convenceu o então namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, a matarem seus próprios pais. O caso, que chocou o Brasil, ficou conhecido como um dos crimes mais brutais e planejados do país. Para a Justiça, Suzane foi a mentora do assassinato, usando a influência emocional sobre Daniel para levá-lo ao ato. Essa capacidade de persuasão é um dos elementos que especialistas classificam como centrais em seu perfil psicológico. As informações são da Sociedade Brasileira de Psiquiatria.>
Durante os anos em Tremembé, o mesmo padrão se repetiu. Suzane se envolveu com Sandra Regina Ruiz Gomes, conhecida como Sandrão, condenada por sequestro e morte de um adolescente. O relacionamento entre as duas teria começado dentro da oficina de costura da prisão e durado cerca de dois anos, mas a história rendeu repercussão nacional porque Sandrão namorava Elize Matsunaga na época. Ela largou a detenta para engatar o romance com Suzane.>
Além de Sandrão, Suzane também se tornou alvo de rumores de envolvimentos com figuras do sistema judicial. O repórter investigativo Ulisses Campbell, autor do livro “Suzane: Assassina e Sedutora”, relatou em sua obra que ela teria conseguido seduzir um promotor de Justiça que atuava na região de Taubaté, chegando a receber tratamento diferenciado e visitas irregulares. O mesmo jornalista afirmou que um advogado que a representou também teria se envolvido emocionalmente com ela. As versões nunca foram confirmadas oficialmente. >
Durante o período em que esteve presa, Suzane também recebia inúmeras cartas de admiradores. Eram mensagens de apoio, declarações de amor e até pedidos de casamento enviados por pessoas que diziam se identificar com sua história. Esse tipo de correspondência era comum em Tremembé, mas o volume de cartas destinadas a ela chamou atenção dos agentes penitenciários. Fora da prisão, grupos de fãs chegaram a criar páginas em redes sociais defendendo a ex-detenta, reforçando o fenômeno de fascínio e idealização que a cerca desde o crime.>
Além das relações dentro e fora da prisão, o fascínio do público por Suzane também tem base na maneira como ela se comporta. Segundo o psiquiatra forense Guido Palomba, que participou de avaliações do caso, Suzane apresenta traços de manipulação e encanto superficial, o que a torna capaz de despertar empatia e atração, mesmo em contextos de rejeição moral. Essa combinação, aliada à juventude, à origem de classe alta e ao comportamento controlado, ajuda a entender o interesse que a cerca até hoje.>
A psicologia chama de “glamourização do criminoso” o fenômeno em que parte do público passa a enxergar condenados por grandes crimes sob uma ótica romântica ou curiosa. Há casos em que essas figuras recebem cartas de amor, pedidos de casamento e demonstrações de afeto, motivados pela mistura entre repulsa, desejo e identificação com quem rompeu regras sociais.>
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Atualmente, Suzane vive em liberdade, casada e mãe de um menino de 1 ano e 10 meses, além de ter trocado seu sobrenome. Mesmo assim, o magnetismo que ela exerce permanece evidente nas redes sociais, nos noticiários e nas produções de entretenimento que exploram sua trajetória. A mulher que usou o amor para manipular um assassinato, seduziu companheiras e gerou escândalos em Tremembé continua despertando o mesmo misto de curiosidade, fascínio e espanto que a tornou uma das figuras mais enigmáticas da história criminal do Brasil.>
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