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Salvador e RMS registram mais de 650 tiroteios só este ano

Os dados são do Instituto Fogo Cruzado que aponta, também, 555 mortos nessas trocas de tiros

  • Foto do(a) author(a) Monique Lobo
  • Monique Lobo

Publicado em 20 de maio de 2025 às 20:53

Cápsulas de balas ficaram espalhadas nas ruas
Mais de 120 pessoas ficaram feridas nos tiroteios em Salvador e RMS Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O medo vivido pelos moradores de Bom Juá e do Arraial do Retiro, onde um tiroteio cortou o silêncio da madrugada desta terça (20), em Salvador, já foi sentido por moradores do Uruguai, na última segunda-feira (19), da Liberdade, também na segunda; de Fazenda Grande do Retiro, no domingo (18); do Vale das Pedrinhas, no sábado (17); do Curuzu, no dia 12; de Cajazeiras, no dia 11; de Patamares, no dia 9; do Rio Vermelho, também no dia 9; do Lobato, entre maio e abril; da Engomadeira, em 13 de abril; da Paralela, no dia 14 de março...

A lista é longa e já soma 659 tiroteios em Salvador e Região Metropolitana (RMS), de 1º de janeiro a esta terça-feira (20), de acordo com o Instituto Fogo Cruzado, que produz dados sobre violência armada. Neste período, 555 pessoas foram mortas nessas trocas de tiros e outras 123 ficaram feridas.

Por mês, em média, foram mais de 131 tiroteios na capital baiana e na Região Metropolitana e 111 mortos.

O número alto segue uma tendência. No ano passado, no mesmo período, foram 744 tiroteios em Salvador e RMS, revelou o instituto. Nessas ocorrências, 564 foram mortas e 144 ficaram feridas.

Guerra do tráfico

Em Bom Juá e do Arraial do Retiro, o conflito armado foi resultado de mais um episódio da guerra entre as facções Comando Vermelho (CV) e Bonde do Maluco (BDM). O confronto teria começado na entrada de Bom Juá. Segundo a Polícia Civil (PC), uma pessoa foi encontrada morta.

O conflito entre as fações também deixou dois mortos no bairro do Uruguai. Por lá, dois homens em uma moto chegaram no local do crime, um deles desceu e começou a atirar contra um grupo de pessoas. Durante os disparos, informou a PC, o criminoso gritou que pertencia a uma facção. Além das vítimas fatais, outras duas pessoas ficaram feridas.

O bairro do Lobato também vive momento de tensão em meio a essa disputa. De 2 de abril ao dia 6 de maio foram 18 tiroteios, segundo o Fogo Cruzado. A briga entre CV e BDM também está por trás das ocorrências, já que 90% do bairro é dominado pelo BDM, mas parte do Boiadeiro, o Coroado, as Casinhas e o fundo da Prainha são controlados pelo CV.

Para Dudu Ribeiro, integrante da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia e cofundador e diretor-executivo da Iniciativa Negra, a reorganização das organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas e de armas nos últimos dez anos, impulsionada por uma migração intensa de forças estrangeiras e de outros estados do Brasil, é um dos fatores que explicam esse cenário. “Essas organizações reorganizam os conflitos locais e intensificam as disputas por um longo período até a sua acomodação, nós ainda não passamos por ela”, disse em entrevista ao CORREIO no mês passado.

Polícia letal

A atuação da polícia também está presente nos tiroteios cada vez mais frequentes. Em Fazenda Grande do Retiro, uma mulher foi baleada dentro de casa enquanto estendia um pano de prato no varal. A bala perdida que encontrou a moradora teria sido disparada durante troca de tiros entre policiais de bandidos na Travessa 1º de Maio. Enquanto, a PC afirmou que a bala foi disparada pelos criminosos, moradores disseram que os tiros partiram dos agentes de segurança.

Um dos casos mais emblemáticos deste ano resultou na morte da estudante universitária Luíza Silva dos Santos de Jesus, na Engomadeira. Ela foi atingida na barriga por uma bala perdida durante uma ação policial na Baixa da Nanã.

Já em março, motoristas e pessoas que circulavam na Avenida Paralela, na altura da Estação Flamboyant do metrô, tiveram que se proteger de um tiroteio que surpreendeu a todos em horário de pico. Eram 7h, quando começaram os disparos feitos durante uma perseguição policial em uma das avenidas mais movimentadas da cidade. A dentista Larissa Azevedo Pinheiro foi baleada no tórax e morreu alguns dias depois.

“Nos deparamos com uma força policial que tem sido, muitas vezes, incentivada pelo poder público a manutenção da letalidade como uma ferramenta de trabalho. A letalidade passa a ser decorada com ideia de eficácia e eficiência”, pontua", avaliou Dudu Ribeiro.